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Os pequenos atalhos das mulheres. E o preço disso na carreira.


  *Por Catia Porto

Não começa no trabalho.

Quase nunca começa no trabalho.

 

Começa em casa.

Nos pequenos silêncios.

Nos “deixa pra lá”, “tanto faz”, “pode escolher você”.

Nos “não é nada, tá tudo certo”.

 

Começa quando, aos poucos, ela vai abrindo mão de si mesma.

Para manter a harmonia.

Para não desagradar.

Para caber em um espaço que já vinha pronto.

 

Ela aprende, muitas vezes sem perceber, que é mais fácil ceder do que sustentar uma vontade. Que é mais seguro se calar do que bancar uma escolha.

Que é mais prático dizer “sim” do que sustentar um “não”.

 

E o corpo aprende junto.

A linguagem muda.

O tom de voz baixa.

O olhar pede permissão.

O corpo inteiro pede desculpas por ocupar espaço.

 

O que parece apenas uma questão de “jeito” ou de “educação”, é, na verdade, um mecanismo aprendido de sobrevivência.

 

E isso, que começa na vida pessoal, atravessa a porta do trabalho.

 

Vai da casa para a sala de reunião.

Do relacionamento para o comitê de liderança. Do “deixa pra lá” para o “não vou me expor”. Da renúncia silenciosa para o não reconhecimento.

 

Chega sutilmente:

→ Na dificuldade de pedir um aumento.

→ Na hesitação antes de levantar a mão.

→ Na sensação de impostora diante de uma promoção.

→ No medo de parecer “difícil” ao discordar.

→ Na angústia de ser percebida como “intensa demais”, “emocional demais”, “ambiciosa demais”.

 

Sem perceber, os pequenos atalhos que ela aprendeu a tomar para manter a paz… cobram um preço alto na sua carreira. Porque quem não aprende a dizer o que quer… dificilmente conquista o que merece.

 

Quem não se acostuma a ocupar espaço… acaba sendo empurrada para as bordas.

 

Quem vive para agradar… quase nunca é lembrada como liderança.

 

Isso não é um problema individual.

Não é sobre uma mulher específica.

Não é sobre falta de ambição, força ou competência.

 

É estrutural.

É cultural.

É coletivo.

 

Mas se torna pessoal quando a gente entende o impacto e escolhe quebrar o ciclo. Quando paramos de romantizar a renúncia e começamos a reconstruir a própria voz. Quando entendemos que nomear o que sentimos, o que pensamos e o que queremos… não é egoísmo. É existência.

 

Por isso, deixo aqui o convite à reflexão:

 

→ Quantas vezes você se cala para não incomodar?

→ Quantas vezes você recua para manter a paz?

→ Quantas vezes você aceita menos do que merece, só para não desagradar?

 

E o mais importante: qual tem sido o custo disso para você?

 

Dizer o que pensa.

Nomear o que sente.

Sustentar o que quer.

 

Não é sobre confronto.

É sobre pertencimento.

É sobre presença.

É sobre existir, inteira e onde quer que seja.

 

E lembrar todos os dias:

Concessão sem consciência é autossabotagem disfarçada de gentileza.




*Cátia Porto é Vice-Presidente Executiva de Pessoas da Vale. A Sra. Porto tem sólida experiência em empresas de diferentes setores e já liderou com sucesso a implementação, restruturação e transformação de áreas de Recursos Humanos no Brasil e no exterior. Como executiva, Catia tem uma visão de vanguarda, conduzindo seu trabalho com análises avançadas, inovação e muito foco no negócio. Ela estudou nos EUA na Universidade Dakota Wesleyan, é formada em Psicologia pela PUC-RJ, tem pós-graduação em Gestão de Recursos Humanos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diversos cursos em business schools como London Business School, Wharton e IMD. Durante sua trajetória, além do Brasil, morou nos Estados Unidos, Japão, México, Finlândia e Reino Unido. Ela também liderou projetos na China e na Índia. Catia passou por grandes empresas como Grupo Big, Walmart, Nokia, Grupo BAT e United Health Group (UHG).

 
 
 

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